Disse em 2001 sobre Alagoas…
Brasília – Em 2001 eu era repórter da Gazeta de Alagoas e participei de um seminário sobre energia alternativa promovido em Salvador pela Petrobras. Uma das palestrantes foi a então secretária de Energia do Rio Grade do Sul, Dilma Rousseff.
No intervalo para o lanche eu me aproximei dela; disse-lhe que era alagoano e repórter da Gazeta, e falei sobre a potencialidade energética alagoana.
- “Alagoas produz dois milhões de metros cúbicos de gás dissociado do petróleo, por dia!” – disse-lhe.
A então secretária Dilma Rousseff olhou para mim e, naquele seu jeito peculiar curto e grosso, respondeu:
- “Se o seu estado produz isso mesmo que você está me dizendo e não tem uma termelétrica, desculpe-me, mas é um estado de otários”.
Eu registrei isso para os anais na coluna Fatos e Notícias, sem saber que a então secretária de Energia do Rio Grande do Sul um dia iria ser a primeira mulher a se eleger presidente da República.
Registrei, mas porque concordava com a então secretária. Eu não entendia e não entendo ate hoje como Alagoas pode alimentar com gás natural Sergipe e a Bahia e nada ganhe em troca; o gás alagoano é levado por duto que atravessa o subsolo do Rio São Francisco e chega a Camaçari.
E pasmem! Depois de beneficiar o gás nosso de cada dia, a Bahia ainda consegue 33 mil litros de gasolina que são tratados como “rebarba”, pois o grosso mesmo é o gás.
Para melhor entender o absurdo ou, para repetir o que disse a hoje presidente Dilma, o quanto Alagoas é um “Estado de otários”, trata-se do mesmo que se possuir a vaca e o leite, mas não poder beneficiá-lo para fazer o queijo, a manteiga e o iogurte.
Não há nada igual no restante do país e, como também não há outra explicação para semelhante descalabro, só posso acreditar que Alagoas paga a maldição de ser o único estado da federação que não foi conquistado nem desmembrado, e sim inventado como premio à subserviência.
Explica-se assim, e somente assim, o fato de Pernambuco está construindo o segundo estaleiro e pleiteando o terceiro, enquanto o estaleiro alagoano não passa de um sonho tão distante quanto pra lá de depois