Que tal deixar de ser empregado e ser patrão?
O Brasil tem muitas oportunidades, mas nem sempre os empreendedores sabem aproveitá-las. Além dos ventos muitas vezes desfavoráveis que afetam a economia brasileira, a razão para o fracasso está na falta de planejamento e otimismo. Com os pés no chão, a chance de vencer a insegurança e ser bem-sucedido aumenta muito.
Os que alcançam o sucesso são aqueles que corretamente identificam as oportunidades e tiram bom proveito delas. E que não se intimidam. "Acima de tudo, é importante ter perseverança, determinação e não se deixar levar pelas circunstâncias agressivas, que muitas vezes ameaçam a construção de um negócio.
Apesar de todos os empecilhos, o número de pessoas que se aventuram em busca de seus ideais é grande no Brasil. Não é à toa que o país está sempre em lugar de destaque quando se fala em empreendedorismo. O perfil do brasileiro é marcado por ousadia,é assim que somos conhecidos lá fora. "O brasileiro se sente mais confortável em lidar com o risco do que outros povos".
O medo que envolve montar um negócio estará sempre presente. Ele é até saudável, desde que não imobilize. O medo de não dar certo serve para que o empreendedor conheça seus limites e calcule o tamanho de seus riscos", mas não é para desestimular, e sim, com cuidado avançar!
Se você se inclui no universo de candidatos a empreendedores que têm vontade de montar um negócio, mas estão tomados pelo medo dos riscos e incertezas, consegui 15 dicas no site do "Pequenas empresas & Grandes negócios", dadas por especialistas em empreendedorismo, para ajudá-lo a criar coragem para ir em frente e construir uma história de sucesso. Dê seu primeiro passo, coragem e avante! afinal o sol brilha para todos!
1. Conheça o seu próprio perfil
Ao pensar em montar um negócio, deve-se levantar o seguinte questionamento: quais são os papéis que terei que exercer como dono de uma empresa? Segundo o consultor Marcelo Cherto, presidente do Grupo Cherto, existem três figuras nas quais o empresário pode se encaixar: empreendedor (que toma as decisões e define o direcionamento do negócio); gestor (que administra a empresa); e operador (que executa o trabalho). "Essas coisas nem sempre estão claras na mente do empreendedor. É importante identificar no que eu sou bom para trabalhar, pois é difícil exercer de forma eficiente as três figuras".
A primeira pergunta a ser feita é: o que eu sei fazer? "Isso vai definir como será estruturado o negócio", ressalta Cherto. Ter ciência sobre suas limitações e explicitá-las é fundamental para delinear o caminho do negócio. "Muitas vezes, a falta de competência em algumas áreas faz com que o empresário tenha que pensar na busca de um sócio que o complemente, ou seja, que seja capacitado em outras competências importantes que garantam o sucesso do negócio", diz o consultor.
2. Prepare-se: leia, busque conhecimento, estude.
Ter preparo e conhecimento são condições fundamentais para garantir a abertura de um negócio. Para isso, busque leituras – livros, sites, estudos, publicações –, faça cursos sobre empreendedorismo e gestão. Muito do medo que o candidato a empresário tem é por causa da falta de informações. "Muitos são marinheiros de primeira viagem e não sabem como dar seus primeiros passos. Quanto mais eles dominarem as informações, mais segurança terão. Esse conhecimento constante sobre o negócio é fundamental para o empreendedor.
As informações ajudam a perder o medo do incerto. "Você consegue trabalhar isso identificando quais são as áreas que não domina. Por exemplo, se não sabe o que é fluxo de caixa, corra atrás de um curso a respeito do tema. Identifique as áreas que você desconhece e se capacite nelas"
3. Mantenha a mente aberta.
Ter a mente aberta é fundamental para ajudar a espantar o medo de abrir um negócio. "Isso ajuda o empreendedor a estar aberto para novas ideias que, muitas vezes, podem mudar o rumo planejado para um resultado ainda mais positivo", diz Marcelo Aidar, da FGV-SP.
Para ajudar a clarear a mente, um dos primeiros passos a serem tomados é fazer um brainstorm (ao pé da letra, tempestade de ideias), ou seja, deixar que você e outras pessoas envolvidas em criar o negócio possam livremente, sem preconceitos, falar tudo o que vier à cabeça – para só depois organizar os pensamentos.
4. Explore múltiplas ideias de negócios.
Ao abrir a mente e aceitar uma determinada ideia, é importante mantê-la aberta, ou seja, não permita que a ideia inicial fique restrita a um único direcionamento. "O empreendedor tem que aproveitar e explorar novas ideias, abrir seu leque de opções para minimizar os erros na criação da proposta de seu negócio", ressalta Marcelo Aidar, da FGV-SP. Pensar em canais de venda diferenciados ou em um público-alvo pouco explorado pode ser uma boa saída para o futuro negócio. "Isso agrega valor ao negócio".
Em nosso país, a maioria das pessoas não faz essa exploração de ideias, de acordo com Hashimoto. "O brasileiro toma a decisão no calor do momento e não tem o costume de ir atrás de novas ideias. Ele não está acostumado a planejar e não tem tempo de buscar uma outra solução", afirma. Mas nem sempre a primeira ideia é a melhor. "Nem que custe mais tempo e mais esforço, o importante é não cair na tentação de abraçar a primeira ideia que surgir", aconselha.
Proprietário do restaurante Josephine, em São Paulo, Jesse de Andrade era dono de um açougue quando o seu mercado começou a ficar enfraquecido. "Os supermercados dominam o setor e meu negócio foi enfraquecendo", lembra. O empresário decidiu então fechar o estabelecimento e foi buscar ideias no mercado. Andrade já tinha sua clientela – o comércio ficava em frente a um colégio de classe média alta –, e por isso pensou em seguir caminho paralelo e abrir algo ligado à alimentação. Em 2000 nasceu o restaurante, que hoje é um dos mais badalados da cidade.
A busca por novas ideias não acabou na abertura do Josephine. Andrade exercita a máxima todos os dias. "Sou aberto para sugestões, pois sei que sempre existe alguma idéia que pode tornar meu negócio ainda melhor. Por isso procuro conversar constantemente com meus clientes para saber deles o que pode ser feito para melhorar os serviços da casa". Duas ideias já viraram realidade: a criação de comandas eletrônicas para agilizar o fechamento da conta e a instalação de campainhas digitais, que facilitam a solicitação dos serviços dos garçons da casa.
5. Faça o que você gosta
5. Faça o que você gosta
Se você amar o seu negócio, terá trilhado uma boa parte do caminho para o sucesso. "Quem faz aquilo de que gosta tem muitas chances de se dar bem, pois é bem mais difícil ser dono de um negócio do qual você não gosta do que ser empregado numa empresa onde está infeliz. O empregado ‘desliga’ dos problemas da empresa e o empresário, não", explica o consultor Marcelo Cherto.
O consultor cita a si mesmo como exemplo. "Eu faço aquilo que eu gosto. Eu respiro meu negócio durante 24 horas por dia. Durmo com um bloquinho e uma caneta ao lado da cama, pois acontece muito de eu acordar no meio da madrugada com alguma ideia interessante. Estou sempre trabalhando: enquanto estou dormindo, quando estou na beira do mar. Mas isso não me deixa exausto, pois eu adoro o que faço. Você trabalha muito mais como empresário do que como empregado. Por isso, esse amor é importante para garantir o estímulo para a busca constante de ir sempre além".
Marcelo Aidar, da FGV-SP, afirma que, quando o empreendedor faz o que gosta, tem melhores condições de "fazer melhor". "O empreendedor vai se dedicar com prazer, vai procurar ficar por dentro de tudo o que envolve o mercado onde seu negócio vai ser inserido. Ele identifica as melhores saídas, acaba colocando mais amor na construção e na condução da empresa e, buscando o melhor, o negócio tende a dar certo".
Roberto-Bitelman, sócio-diretor da agência de viagens AuroraEco, diz que trabalhar com gosto é fundamental para o bom andamento da empresa. "Isso faz com que as coisas funcionem bem. Essa felicidade reflete tanto para dentro da empresa quanto para os meus colaboradores." Por trabalhar com o setor de turismo, essa premissa ainda se torna mais importante, na opinião do empresário. "Nossos clientes percebem o quanto nos envolvemos com as viagens. Vendo sonho e felicidade. É o que me dá mais prazer".
6. Busque negócios relacionados às suas competências, desejos e motivações.
Depois de anos a fio atuando em um determinado segmento, muitos empreendedores resolvem partir para a jornada do negócio próprio. Por que não utilizar essa bagagem adquirida ao longo do tempo para montar um negócio? De acordo com Marcos Aidar, da FGV-SP, as oportunidades vão surgir na medida em que o empreendedor tiver afinidade com o tema. "Se eu sou da área de software, é mais provável que eu encontre oportunidades para empreender nesse segmento".
"Ao atuar em uma determinada área por um longo tempo, quando empregado, o empreendedor tem a chance de estudar com afinco o mercado, de estabelecer um laço de afinidades e, com isso, consegue ficar antenado para as oportunidades que possam surgir. Naturalmente, essas oportunidades acabam aparecendo com mais ênfase. Existem levantamentos que mostram que boa parte dos empresários teve empregos cuja área de atuação é similar ao seu negócio próprio", conclui o professor da FGV. "O importante é não deixar de lado o aspecto da gestão do negócio", enfatiza Hashimoto.
Rubens Oliveira, proprietário da RR Motos, oficina especializada em motos off-road em Sorocaba (SP), é um exemplo nesse sentido. Apaixonado por mecânica desde criança, trabalhou durante dez anos na parte de manutenção de uma concessionária da montadora Yamaha. Depois partiu para voo solo, aproveitando toda a experiência adquirida ao longo dos anos, e montou seu próprio negócio. "Ter esse conhecimento me ajudou muito a ter coragem para virar empresário". Hoje a oficina atende todas as cidades que cercam Sorocaba, oferece serviços agregados para os clientes e conquista uma nova fatia do mercado de reparação a cada dia.
7. Avalie se a sua ideia não é uma ilusão.
Muitas pessoas têm ideias que na prática são inviáveis, o que leva muitas empresas a baixarem suas portas com pouco tempo de vida. "Por isso é importante estudar o mercado onde vai atuar, ver se a proposta de negócio não é uma ilusão", avalia Marcelo Cherto. "Devido a isso, muita gente acaba optando pelo modelo de franquia, que já oferece essa resposta".
Para conseguir um acesso ainda maior às informações, a internet pode ser uma excelente ferramenta. "Muitos empreendedores, quando abrem um negócio, não têm dinheiro para investir na realização de uma pesquisa de mercado. Por isso, sair a campo, pesquisar livros, estudos e publicações, e acessar o banco infinito de dados da internet são meios que podem ajudar o empresário a ter noção sobre como seu negócio pode ou não se encaixar no mercado", explica Marcelo Aidar. Para o professor da FGV-SP, o empreendedor não deve se deixar levar por suas observações pessoais a respeito do assunto. "Busque informações em fontes confiáveis, como por exemplo, no IBGE".
Artur Muradian, proprietário da filial Moema do restaurante La Pasta Gialla, sempre teve vontade de comandar sua própria empresa. Preparou-se durante três anos, até encontrar um negócio que fosse adequado às suas expectativas. "Eu queria trabalhar com gastronomia, mas tinha medo, pois abrir um restaurante no Brasil é muito arriscado". O empresário então optou pelo modelo de franquia e, a partir daí, começou a fazer pesquisas de mercado para avaliar qual seria a oportunidade mais viável.
8. Busque experiências similares
Depois que a ideia for definida, o próximo passo a ser tomado é buscar experiências similares. Para Marcelo Aidar, da FGV-SP, essa procura é fundamental para ficar por dentro dos problemas enfrentados pelo tipo de negócio e quais soluções estão sendo adotadas. "O empreendedor pode aprender com os erros dos outros aparecendo como cliente, sendo um observador externo".
Antonio Carlos de Matos, do Sebrae-SP, dá um exemplo de como pode ser feita essa pesquisa. Por exemplo, se você for montar uma pizzaria, saia a campo, fazendo pesquisas com 50 outras pizzarias. Se o negócio for localizado na zona oeste da cidade, vá à zona sul coletar informações, para não parecer que você está checando a concorrência. Permaneça algumas horas na frente do estabelecimento, observe a movimentação dentro do local, o atendimento, as pessoas que ali circulam, converse com os empregados e com os proprietários, peça dicas sobre fornecedores e clientes, entre outros. Isso vai ajudar você a entender as condições que tornam o negócio viável, quais possíveis problemas poderá enfrentar e como solucioná-los e, com isso, você elimina o medo de partir para essa nova trajetória.
Jesse Andrade, proprietário do restaurante Josephine (SP), aplicou o método. "Quando resolvi montar o restaurante, fui para a rua visitar lanchonetes e restaurantes para checar o perfil do negócio, para ver se minha ideia poderia virar realidade ou não. Tenho um perfil arrojado, mas gosto de estar atualizado com o mercado".
André Kina, proprietário da 4Bio, investiu no trabalho de consultoria para conhecer o mercado de saúde na prática, já que sua empresa seria focada em medicamentos especiais. "Conheci os fornecedores, o perfil do cliente final, entendi mais sobre medicamentos especializados. Esse trabalho de campo foi fundamental para direcionar a minha empresa".
9. Identifique pontos de diferenciação de seu negócio
Ao decidir montar um negócio, um ponto importante a ser analisado é: como eu posso me diferenciar dos demais? "Não vale a pena fazer mais um negócio igual ao que já existe. Se ele tiver um diferencial, algum requisito que o evidencie das demais empresas, com certeza conseguirá ser um ponto de destaque e ganhará uma fatia a mais do mercado escolhido", diz Marcelo Aidar, da FGV-SP.
"Se você está numa multidão, nunca vai conseguir se distinguir, caso não se destaque", diz Constantino Karacostas, proprietário da agência de turismo Class Tour, que buscou incrementar seus serviços para se evidenciar no mercado de turismo. "Nossa proposta de trabalho é fazer o cliente se tornar fã do nosso negócio", afirma. Vender uma passagem ou fazer reserva de hotel é o trivial.
A premissa de Karacostas é trabalhar "o detalhe do detalhe". Para isso, investiu na criação de um completo banco de dados sobre seus clientes. "Quanto mais informações, melhor, pois conseguimos oferecer algumas opções extras a eles. Por exemplo, nosso sistema avisa sobre o vencimento do visto americano ou do passaporte do cliente. Entramos em contato com ele para avisá-lo e disponibilizar algum serviço. Os retornos são sempre positivos. Os clientes ficam felizes com essa pró-atividade". A Class Tour preocupa-se com a documentação do cliente e oferece alguns serviços diferentes, como ingressos para shows.
Para trabalhar com turismo, esse diferencial se torna quase que uma obrigação, de acordo com Karacostas. "O segmento de turismo é complicado, pois mexe com os sonhos e emoções de uma pessoa", afirma. Muita gente passa uma vida inteira planejando uma viagem, guardando dinheiro, depositando uma expectativa enorme no dia em que isso irá se realizar. Aí chega na hora e não consta a reserva, quando o cliente chega ao hotel, por exemplo. "As frustrações se tornam grandes decepções e isso pode gerar a perda do cliente", afirma Karacostas.
10. Busque aconselhamento
Quando um empreendedor se vê a frente de uma grande ideia, mas tomado pelo medo, um toque importante é: busque aconselhamento. Os grandes empreendedores da história empresarial brasileira tiveram alguém que eles consideraram um verdadeiro "guru".
Marcos Hashimoto diz que o empreendedor pode escolher alguém que lhe sirva de "exemplo". "Alguém que seja um modelo de aprendizagem para ele. Alguém com quem o empreendedor possa se aconselhar, que seja uma rica fonte de informações, graças ao seu exemplo em relação às suas posturas e atitudes. Quando você ficar em dúvida, buscar aconselhamento com alguém de peso, de renome, pode ajudar a fazer com que você perca o medo de empreender".
Existem algumas organizações, como é o caso do Instituto Endeavor, que fazem o trabalho de aconselhamento para futuros empreendedores. "Ouvir relatos de outros empresários é sempre gratificante, pois quando você lê uma reportagem que fala sobre a história de sucesso de uma grande empresa, a impressão que passa é que não houve pedras no caminho. Mas quando você escuta a palavra desses empresários, percebe que as dificuldades existiram e isso faz com que diminua as suas incertezas a respeito de entrar ou não para o mundo dos negócios próprios", diz Paulo Veras, ex-diretor geral da entidade.
Veras afirma que o mercado vai ganhar novos "conselheiros". "Está começando a se formar uma nova geração de executivos que estão se aposentando, após 30, 40 anos de carreira e experiência adquirida. Eles trocam ideias com as pessoas e norteiam sobre ir ou não em frente na concretização de um negócio. Nos Estados Unidos, esse tipo de trabalho é bastante valorizado".
11. Acredite: não há tempo certo para empreender
Se você está esperando as condições perfeitas de temperatura e pressão para abrir seu negócio, a demora pode ser eterna. Um dos medos de quem tem vontade de se tornar um empreendedor é não saber identificar o tempo certo para isso. Perguntas como "será que eu já tenho o capital suficiente para montar o negócio almejado?"; "será que estou pronto para me tornar um empresário?"; "será que meu negócio vai decolar nas atuais condições econômicas em que se encontra o país?; rondam a mente dos empreendedores.
"Não há tempo certo para empreender", diz Marcelo Aidar, da FGV-SP. No entanto, as oportunidades, sim, se abrem e se fecham, e cabe ao empreendedor identificar quando há uma fenda por onde entrar. "A janela do empreendedorismo se abre e se fecha depois de determinados períodos. Se você chegar cedo e for muito vanguardista, a janela não estará aberta. Muitas vezes, um negócio não dá certo porque está muito à frente do seu tempo. O mesmo pode acontecer se você entrar no negócio depois de fechada a janela. Existem tipos de negócios ‘verdes’ demais, e outros maduros demais. O importante é saber identificar a oportunidade com precisão e não esperar as condições totalmente perfeitas. Sempre há tempo para empreender".
Se o candidato a empreendedor ficar preocupado em se preparar melhor, ou acumular aquele investimento previsto, muitas vezes a oportunidade pode não acontecer. "Se você ficar colocando impedimentos e desculpas – como falta de dinheiro, casamento, chegada dos filhos, falta de maturidade do produto e de um sócio e o não fechamento de um bom contrato, por exemplo –, aguardando a situação perfeita para empreender, esse momento nunca vai chegar. A grande maioria dos empreendedores que colecionam histórias de sucesso não estava preparada para a experiência", afirma Marcos Hashimoto, do Insper.
O mundo muda em alta velocidade e muitas vezes o empreendedor se diz pronto num momento em que a oportunidade aguardada já passou. "Se o mundo muda, você tem que estar preparado para se adequar às mudanças. Mas isso também não quer dizer que você tem que se atirar na iniciativa, ou seja, ser ousado demais. É necessário achar um ponto de equilíbrio", acrescenta o professor do Ibmec.
12. Descreva suas metas
Quando o empreendedor está na dúvida e tomado por insegurança e medo sobre o caminho a seguir, esta dica pode ajudar: descreva os seus objetivos. Colocar num papel todas as suas metas, uma a uma, para que sejam sempre consultadas, ajuda-o a ter uma visão mais clara sobre o assunto. "Quando você começa a escrever suas metas, se obriga a ter as ideias mais claras. Com isso, você descobre os possíveis ‘buracos’, ou seja, os furos que ainda podem existir em seu projeto empresarial", afirma Marcelo Cherto.
Escrever essas metas ajuda a esclarecer os objetivos de seu projeto, ou seja, quem será seu público-alvo, quais as características do produto ou serviço oferecido. Cherto mostra um exemplo de um grande empresário. "Ele conta que, quando começa a pensar em uma determinada idéia, escreve um press-release (comunicado à imprensa) com o intuito de fazer com que uma pessoa que não tenha nada a ver com o assunto entenda o que está sendo proposto", diz o consultor.
Colocar as ideias no papel faz com que o empreendedor não esqueça mais seus alvos, os pontos levantados a respeito do negócio. "Ajuda-o a ter foco, com respostas para perguntas importantes como ‘o que eu quero?’; ou ‘aonde eu quero chegar?’", afirma Cherto.
13. Focalize os objetivos, não os obstáculos.
O medo de abrir um negócio faz muitos candidatos deixarem esse sonho para trás. Um dos problemas é a falta de foco em seus objetivos, vislumbrando somente os pontos negativos, ou seja, os empecilhos que podem fazer a empreitada não ter sucesso. "O empreendedor pode escolher dois caminhos: ter uma visão otimista ou uma visão pessimista a respeito de sua decisão. Quem olha pelo lado positivo, enxerga possibilidades. Já na visão pessimista, as limitações ganham destaque", diz Marcos Hashimoto.
Marcelo Cherto destaca que a visão está ligada à questão da atitude do empreendedor. "Tem gente que é mais otimista, já outros são mais pessimistas, olham sempre a vida pelo lado negativo. Quando se é um verdadeiro empreendedor, tem-se um certo prazer em enfrentar empecilhos". O consultor diz apreciar projetos desafiadores. "Eu gosto de novos desafios, mas tem gente que adora rotina, que prefere lidar com coisas previsíveis. O obstáculo é parte do projeto, é uma dificuldade que você tem que curtir, pois é uma grande oportunidade para você aprender e também para se diferenciar dos demais. A sensação de vitória é fantástica".
Para lidar com esse medo, o segredo é ter persistência e foco no objetivo. "A dificuldade sempre será um ponto desfavorável. O importante é pensar sempre no objetivo, pois as dificuldades fazem parte do caminho. Se Cristóvão Colombo, quando estava viajando pelos mares do mundo, tivesse se intimidado pela primeira tempestade que ele enfrentou e retornado para o seu país, o navegador não teria descoberto a América".
Thomas Edison, inventor da lâmpada, é um exemplo de aprendizado neste sentido, segundo o consultor. "Thomas Edison não conseguiria inventar a lâmpada se não tivesse insistido em seu objetivo. Ele costumava dizer, quando alguém o indagava sobre desistir dessa descoberta, depois de 10.000 tentativas frustradas: ‘Vou desistir agora, que já conheço 10.000 jeitos que não dão certo?’. Isso demonstra o quanto é importante ter fé em si mesmo, ter uma visão e uma atitude positiva perante a vida e seus desafios".
Isso não significa que o empreendedor precisa achar que a vida tem que ser encarada sob o olhar da Pollyana, personagem da literatura que acha que o mundo é perfeito. "Você precisa ter a crença de que pode chegar lá. Essa auto-motivação tem que vir de dentro de você mesmo. Não espere que isso venha de fora".
14. Comece pequeno e cresça.
Ao tomar a decisão de montar um negócio, uma das perguntas que se faz é: qual deve ser o tamanho da minha empresa? A boa notícia é: ela pode começar pequena. Mas muitos empreendedores acabam pecando pelo excesso. Ou seja, investem gordas quantias, compram piso de mármore, móveis de grife, entre outros. E aí se vêem frente a frente com os imprevistos, que enfraquecem os calcanhares da empresa e os "empurram" a desistir de tocar o negócio em frente.
Marcos Hashimoto, do Insper, diz que a maioria das empresas pode começar pequena. "Por exemplo, se você quer montar um site de vendas de passagens aéreas, pode começar em um espaço pequeno, com uma modesta infra- estrutura – móveis e equipamentos mais simples –, que não demandem altos investimentos.
resário, foi mais uma brincadeira que ele fez com seu dinheiro", diz Hashimoto. "Essa não é a realidade da grande maioria das pessoas que abrem um negócio no Brasil. Cada centavo é precioso".
15. Avalie a mudança de vida com objetividade.
Ao decidir abrir um negócio, avaliar as mudanças com objetividade faz com que o empreendedor se sinta mais seguro. "É importante que o empreendedor não fantasie essa mudança, somente vendo pelo lado do sonho, mas sim vislumbrando um caminho real", afirma Marcelo Cherto.
15. Avalie a mudança de vida com objetividade.
Ao decidir abrir um negócio, avaliar as mudanças com objetividade faz com que o empreendedor se sinta mais seguro. "É importante que o empreendedor não fantasie essa mudança, somente vendo pelo lado do sonho, mas sim vislumbrando um caminho real", afirma Marcelo Cherto.
Muita gente sai do modo "empregado" para o modo "patrão" e não faz essa análise de forma racional. "Sair da posição de empregado para a de patrão envolve uma série de modificações, principalmente no que diz respeito ao status", afirma Cherto. De início, o empreendedor vai perder todas as mordomias que tinha como empregado, como carro, seguro-saúde, bônus, entre outros. Isso impacta até no lado pessoal, incluindo a família, que tem que estar junta no novo caminho. Mas ele precisa acreditar que essa troca vale a ena. "No curto prazo, a mudança vai pedir esse sacrifício, mas, lá na frente, ele poderá ter o retorno em abundância", afirma Cherto.
Todo negócio tem um lado não glamouroso, que ocupa boa parte do tempo da vida do empreendedor. "Por exemplo, se o empresário monta um café, ele vai ter que estar preparado para acordar de madrugada para ir ao Ceasa buscar os melhores produtos, operar uma máquina de café, caso seu atendente falte ao trabalho. Ele será o office-boy, o departamento jurídico, o departamento de compras. Normalmente quem vem de uma grande empresa como empregado tem dificuldade em assumir todos esses papéis, pois está acostumado a buscar ajuda para resolver essas questões", avalia o presidente do Grupo Cherto.
Para assumir o papel de "dono", é necessário que o empreendedor aprenda a depender de si próprio. "Como empregado, ele espera que alguém defina o comportamento que ele tem que ter. Mas como dono, é o empreendedor quem vai tomar as decisões", diz Cherto.
André Kina, proprietário da empresa 4Bio, abriu mão do emprego confortável que tinha como gerente financeiro da Procter & Gamble, para assumir o sonho de ser seu próprio patrão. Para ele, um dos maiores obstáculos foi lidar com o aspecto emocional. "Eu tinha uma posição confortável, estava numa empresa que me proporcionava crescimento, tinha vários benefícios. Mas eu olhava para o meu chefe na empresa e não me via feliz ocupando o lugar dele, como diretor", conta Kina. "Eu descobri que tinha características empreendedoras e, para colocar isso em prática, precisei aplicar boas doses de objetividade para conduzir esse processo, pois o lado emocional pesa muito nessa hora".
Ao longo do tempo em que trabalhou como empregado, Kina era invadido por questionamentos internos que o "chamavam" para essa nova jornada. " Chegou um momento em que eu percebi que tinha chegado a hora de tomar essa decisão, pois era o meu sonho, e me descobri um apaixonado por empreender. Cerquei-me de todos os aparatos – conhecimento, capital, pessoas, entre outros –, e parti para a nova jornada. Fiz isso com segurança e não me arrependo por isso".